Organizações profissionais e carreiras musicais no final do Antigo Regime:
Lisboa no contexto internacional
Ana Machado (INET-md, NOVA FCSH)
Diana Vinagre (INET-md, NOVA FCSH)
25 de Maio de 2022, 15 horas
Online, link zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/82163760253?pwd=WDArTGp3M0xKditpd09nZ3d5Mi9hdz09
A Irmandade de Santa Cecília de Lisboa no contexto internacional: olhares cruzados sobre irmandades e confrarias de músicos na Europa e no Brasil
Ana Machado (INET-md, NOVA FCSH)
A presente comunicação insere-se numa pesquisa em curso com vista ao estudo comparativo entre a Irmandade de Santa Cecília (ISC) de Lisboa e outras irmandades e confrarias de músicos na Europa, com destaque para a Irmandade de Santa Cecília de Roma, durante o Antigo Regime. Alguns aspectos relativos ao panorama brasileiro também serão abordados a partir da bibliografia disponível. Tendo em conta que, para a maioria dos casos, o estado da investigação é muito variável e frequentemente insuficiente, a abordagem será feita através de olhares cruzados e não tanto de uma comparação sistemática. Dessa forma, um dos principais objectivos será o de tentar compreender de que forma a Irmandade de Roma influenciou a de Lisboa, fundada 20 anos depois. Serão também consideradas pontualmente as irmandades de outras cidades como por exemplo Nápoles e Palermo. A partir das investigações realizadas por vários autores sobre o contexto histórico e a vida musical portuguesa setecentista resulta evidente que a ISC detinha um papel fulcral no controlo do universo musical lisboeta, nomeadamente nas dinâmicas entre diferentes músicos, sendo eles de Corte e/ou da Capela Real e Patriarcal, ligados a outras entidades no âmbito da música sacra ou profana ou exercendo a sua atividade profissional sem um vínculo profissional estável. Considerando outros exemplos no contexto internacional pretendem-se averiguar influências, afinidades e divergências ente a ISC de Lisboa e as suas congéneres de outras cidades, países e territórios na mesma época para melhor perceber os modelos de organização e as relações estabelecidas entre Irmandades e Músicos, assim como a sua influência no processo de profissionalização desta classe ao longo da segunda metade do século XVIII.
A prática do violoncelo em Portugal entre 1750 e 1835: Instrumentistas e percursos socioprofissionais
Diana Vinagre (INET-md, NOVA FCSH)
Ainda que as fontes disponíveis sejam escassas e não nos permitam um conhecimento profundo sobre a prática dos violoncelistas activos em Portugaldurante a segunda metade do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX, nomeadamente no que respeita a questões relacionadas com repertório solístico e aspectos técnicos e estilísticos, conseguimos ter uma visão geral das condições socioprofissionais dos intérpretes e da abrangência da prática do instrumento em diferentes contextos. Concentramo-nos geograficamente em Lisboa e região circundante, pela centralidade da vida musical e disponibilidade de fontes, onde é possível identificar dois tipos de condição laboral: a dos músicos contratados, quase exclusivamente ligados à orquestra da Real Câmara, e os músicos que se moviam num circuito de trabalho ocasional para instituições religiosas, estruturas associativas e comerciais, ou personalidades da nobreza e alta burguesia. Revelam-se essenciais para o conhecimento que hoje temos sobre os intérpretes e as suas carreiras, as fontes documentais do arquivo da Irmandade de Santa Cecília, à qual tinham obrigatoriedade de pertencer todos os músicos activos em Lisboa e arredores, assim como as fontes relacionadas com as estruturas musicais da corte. Relativamente à situação dos músicos pertencentes às orquestras dos teatros, onde poderia ser estabelecida uma relação laboral de alguma continuidade ainda que normalmente precária, ou a contratação de músicos residentes por parte de famílias nobres, não subsistem fontes suficientes que nos permitam um conhecimento consistente das condições de trabalho estabelecidas. A presente comunicação pretende, através do cruzamento de informação das fontes acima referidas com outro tipo de documentação mais disperso, referenciar os diferentes tipos de percursos profissionais dos violoncelistas activos em Lisboa neste período, abordando questões relativas à formação, remuneração e condições laborais.
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